luto

Familiares e amigos se despedem do empresário Guido Isaia

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data-filename="retriever" style="width: 100%;">Fotos: Pedro Piegas (Diário)

No dia em que a primavera chegaria para dar mais cor à paisagem da cidade, Santa Maria amanheceu nublada e se despediu de um grande amigo. Familiares, artistas, funcionários das Casas Eny, empresários e políticos - tristes com a partida de Guido Cechella Isaia - formavam um mosaico de um bom pedaço da história de Santa Maria. Em cada conversa, as lembranças do tanto que ele contribuiu para a cidade, seja como empresário ou como um amante da cultura, da fotografia e do cinema. Sob o som do trompete do amigo maestro Ênio Guerra, a oração da vizinha irmã Lourdes Dill, salvas de palmas e o mar de coroas de flores, a cerimônia, inicialmente aberta somente à família, recebeu a comunidade antes do corpo do empresário ser levado para Capão do Leão, próximo a Pelotas, onde seria cremado. Guido Cechella Isaia, morreu na noite de terça-feira de insuficiência respiratória. Ele tinha 83 anos e estava internado desde 16 de setembro no Complexo Hospitalar Astrogildo de Azevedo.

Entre abraços de familiares, orações e despedidas, o velório de Guido Isaia foi como uma pausa no tempo. Um momento de reflexão sobre a perda e o legado de um homem que amou a cidade e seus viventes, a arte e a memória e, por fim, a saudade. Um homem generoso e sensível, preocupado com a comunidade, que trazia em seu acervo muitos anos de registros fotográficos que documentam o crescimento do Coração do Rio Grande.

Amigos, familiares e personalidades lamentam a morte de Guido Isaia

Guido Isaia Junior falou orgulhoso do legado deixado pelo pai. Apesar da tristeza, ele que também atua na Eny, afirma que o que fica como exemplo é, principalmente, a generosidade de Guido:

- Ele gostava das coisas boas da vida e era muito batalhador. Acordava todos os dias às 5h para trabalhar. A vida dele foi a empresa. Desde que eu me lembro, meu pai trabalhou o dia inteiro. Criamos a Fundação Eny porque ele gostava muito de ajudar as pessoas. Como filho, eu tenho que dizer que ele foi um pai maravilhoso.

Guido Junior afirma que, certamente, a vida vai ser mais triste daqui para a frente.

- Infelizmente, a gente não pode mudar os acontecimentos, se pudesse, eu mudaria. Vamos seguir com o legado dele, com a Fundação, que era o que ele estava mais vinculado nos últimos tempos - afirma o empresário.

Ao tentar resumir quem era o pai em uma frase, Guido Junior afirmou ser impossível. Porém, situações ocorridas entre a noite de terça e a madrugada de ontem apontaram para uma qualidade muito forte do empresário: o carinho das pessoas por ele.

- Estou desde às 5h recebendo mensagens de todo o Brasil. Ele tinha uma quantidade de amigos impressionante. São pessoas que eu não conheço, que nunca haviam entrado em contato comigo. Então, ele era uma pessoa muito amada, muito querida, muito carinhosa. E se eu tivesse que resumir o meu pai a uma palavra, eu escolheria generosidade - relata Guido Junior.

A HISTÓRIA DE GUIDO CACHELLA ISAIA

AMIGOS SE DESPEDEM E LEMBRAM DA IMPORTÂNCIA DE GUIDO ISAIA PARA SANTA MARIA

data-filename="retriever" style="width: 100%;">Após o meio-dia de ontem, o velório de Guido Isaia foi aberto aos funcionários e aos amigos. Todos recebidos com carinho pelos filhos Beatriz e Guido Junior. Personalidades de vários segmentos prestavam suas homenagens e se despediam do empresário.

A secretária de Cultura, Rose Carneiro, acompanhou o velório muito emocionada. Ela afirma que não existem palavras suficientes para definir a importância de Guido Isaia para a cidade.

- Eu perdi um amigo. Mas Santa Maria perdeu um batalhador da cultura. É difícil encontrar uma ação cultural que ele não estivesse interessado ou envolvido, desde o teatro, o cinema e a literatura. Quando ele foi escolhido como patrono da Feira do Livro, reclamaram que ele não tinha livro publicado. Mas eu não saberia dizer quantos livros não teriam saído se não fosse ele. Era uma pessoa maravilhosa, seus olhos mudavam quando ele começava a contar as histórias da juventude, das histórias dele e da Norma, toda reunião de trabalho era de meia hora e acabava virando cinco, de conversa sobre cultura e memória a base de muitas risadas - relembrou a amiga.

data-filename="retriever" style="width: 100%;">O maestro Ênio Guerra falou sobre a importância do amigo para a cultura e para a Orquestra Sinfônica de Santa Maria, que sempre teve apoio de Guido Isaia.

- Nesse momento, é difícil falar muita coisa. Mas ele sempre teve muita dedicação, empenho e gosto pelas artes de maneira geral e especificamente pela música. Ele é um nome que dificilmente será alcançado por outra pessoa. Torço para que apareçam outros Guidos para levar adiante a cultura da cidade. Porque, em várias situações, em vários projetos, em todas as áreas, ele sempre dava um jeito de apoiar e estar presente, fomentando os artistas iniciantes, mais velhos, as instituições já existentes e as novas também. É uma perda muito grande para a cidade.

A coordenadora de Comunicação e Marketing da Eny e da Fundação Eny, Marilice Daronco, destacou a paixão de Isaia pela cultura de Santa Maria. Pessoa de muita curiosidade, Guido deixa também como legado os registros fotográficos da cidade feitos durante a vida,

- Ele fotografou a cidade. Foi uma curiosidade que ele teve e deixou um tesouro maravilhoso, que são essas fotografias. Na Fundação Eny, temos mais de 22 mil fotografias, e boa parte do acervo são de fotos que ele fez - relata Marilice.

Maria Scremin Rizzatti, a primeira gerente mulher das Casas Eny, trabalhou 39 anos na empresa. Ela falou sobre a relação de Guido com os funcionários e da admiração pelo empresário:

- Era uma pessoa muito especial, muito calmo, um paizão de todos. Ele tratava as equipes de igual para igual, estava sempre junto com a gente. Eu só tenho a agradecer as oportunidades que tive na empresa, o que ele deixou para Santa Maria, o quanto foi importante para a cultura da cidade.

A irmã Lourdes Dill foi ao velório e pediu a palavra para exaltar o legado deixado pelo ex-vizinho. Após fazer uma prece, pediu a alguns presentes que falassem sobre Guido Isaia e, ao final, vieram os aplausos para homenagear a obra deixada pelo velho amigo:

- Guido Cechella Isaia foi um batalhador pelos amigos, pela arte, por uma Santa Maria próspera. Não era só um empresário, era preocupado com a cidade, com os amigos que fez. Vou lembrar para sempre das conversas e da ajuda que ele deu durante esses 40 anos que convivemos em harmonia. Ele foi cedo, queria que ele se fosse depois dos cem anos.


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